domingo, outubro 21

- O FILÓSOFO BOÊMIO -



"Certa feita, um filósofo levado por grande curiosidade, resolvera pessoalmente conduzir uma pesquisa em que pudesse compreender o motivo pelo qual os boêmios apaixonam-se pela noite.


Chegando a um dos muitos recantos de encontro dos aficionados da boemia, senta-se em um canto de onde pudesse mais facilmente apreciar o movimento dos clientes daquele recinto. Após acomodar-se devidamente, chama pelo garçom iniciando um pequeno diálogo. Feita a apresentação, descreve em rápidas palavras o motivo que o levara a estar ali naquele presente momento, dando assim início á conversação. 

- Meu caro, gostaria que o amigo explicasse o que é ser boêmio.

Responde-lhe o garçom.

-Ser boêmio é um estado de espírito, trabalha-se as emoções no que se tem de mais bonito. Ser boêmio, é ser amante da poesia, da música, de um bom papo, é viver com alegria. Ser boêmio é entender a alma da lua, abraçar-se ao espírito da noite, enamorar-se com a madrugada, vibrar em cada acorde dos violões nos belos cantos de serenata.

-Ser boêmio é despojar-se da tristeza, é admirar a sensualidade da mulher na beleza de sua feminilidade.

-Ser boêmio é cultivar o samba-canção, o fox, o bolero, é fazer da dança um credo, cantar a esperança, aguardando com alegria o alvorecer que contagia na chegada de mais um novo dia, para o abraço do sol em plena harmonia.


-Isto, meu prezado companheiro, é ser boêmio.

O filósofo, agora mais à vontade demonstrando estar satisfeito com a explicação, olha para o garçom prosseguindo o diálogo.

- Quero, meu caro, desde agora compreender o espírito do boêmio colocando-me à disposição desta experiência. Para iniciarmos, sirva-me um copo e uma cerveja, traga-me também um martini com uma cereja para que, se alguma dama de mim se aproximar, possa em minha mesa se aconchegar e desfrutar o doce aroma deste lugar. Peça aos músicos por gentileza que toquem a música 'Um tango pra Tereza'.

-Garçom, estou satisfeito. Se for me dado o privilégio, gostaria de a esta casa me associar, para que sempre que puder, aqui o meu tédio possa matar. 

-Para a minha vida insípida e sem mistérios, descobri agora o remédio. Meu caro garçom, obrigado. Não vejo mais motivo, para que em minha alma possa abrigar tanto tédio." (Blog: KAZADOPOETA - Adyr Pacheco) 



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