sábado, março 24

*** Não perdemos o que nunca tivemos ***

Quando falamos em perdas, referimos às perdas as quais não temos o controle, ou seja está fora de nossas vontades ou aspirações.


 Vejo uma certa tristeza no olhar das mães, quando olham para seus filhos, e um profundo desabafo relatando a saudade do tempo em que eram crianças. Em seus corações há a certeza de uma perda, perda esta que não há como voltar a tê-la.
Ao contrário, quando temos algo roubado, perdido ou desaparecido, temos a esperança de reavê-los, tentar preencher o espaço vazio ou conseguirmos até ter coisas melhores do que tivemos antes.
“As perdas da alma são mais dolorosas” porque sabemos que não as teremos da forma original novamente ou como gostaríamos que estivessem no momento em que vivemos:
- sentimos a perda de uma única frase ou palavra dita do fundo da alma à alguém ou a nós;
- doe-nos a sensação de nunca mais vermos alguém que amamos muito;
- dilacera-nos a alma e o coração a sensação de “nunca mais voltará”;
- mata-nos a cada dia lembrarmos do que fomos e jamais voltaremos a ser;
- consome-nos as lágrimas de dor do profundo sentimento de perda para sempre;
- consome a dor de cada ano que passa e não volta;
- morremos a cada segundo quando o amor, a esperança, a virtude morre também a cada dia dentro de nós.
De acordo com a língua portuguesa, penso que o que se encaixaria mais em nosso viver seria a palavra “empréstimo”; tudo que vivemos, incluindo os instantes é emprestado por um curto, médio ou longo tempo... jamais para sempre como gostaríamos que assim o fosse.
Uma das frases mais sábias existentes ainda é:
“Tudo na vida passa... inclusive a vida”.
Por que será que sofremos tanto por tudo que sabemos não perpetuar?
Se já nascemos sabendo disso... então por que ainda sofremos tanto?
Por que morremos a cada segundo por coisas que muitas vezes desejamos mas nem sequer possuimos por um segundo que fosse?
Se fossemos pensar racionalmente e responder as estas três questões, saberíamos que não há coerência, razão ou motivo para tanta tristeza por perdemos aquilo que na realidade nunca tivemos de verdade.
Nem mesmo a verdade é eterna... as verdades não são absolutas porque o tempo, os valores, a sociedade e os sentimentos mudam estas verdades o tempo todo.
Se perguntarmos ou contarmos a mesma verdade para várias pessoas, cada uma delas verá e sentirá de forma diferente. Elas mentem? Não, a verdade é relativa.
Existem verdades absolutas?
Se existir ainda para você, afirmo-te que poderá existir por alguns séculos,  mas não para sempre... nada é para sempre.
Se alguma coisa ou alguém é para sempre, com certeza não está neste universo ao qual conhecemos e vivemos.
Autora: Sandra Regina da Luz Inácio
(adaptado)

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